Porto de Sines

Porto de Sines

sexta-feira, 27 de maio de 2011

PORTUGAL VALE A PENA !!!


Vamos animar, amigos/as.


Eu conheço um país que...

. em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil  para a quarta a nível mundial  [80 por mil - 3 por mil],

. em 8 anos construiu o mais importante registo europeu de medula óssea, indispensável ao combate de doenças leucémicas.


Eu conheço um país que...

. é lider mundial no transplante de fígado,

.está em segundo lugar no transplante de rins.

. é lider mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.


Eu conheço um país que...

. tem uma empresa que desenvolve software para eliminação do papel, enquanto suporte de registo clínico nos hospitais [Alert]

. tem uma das maiores empresas ibéricas na informatização das farmácias [Glint]

. inventou o primeiro anti epilético de raíz portuguesa [Bial].


Eu conheço um país que...

.é lider mundial no sector da energia renovável

. é o quarto produtor de energia eólica do mundo

. está a construir o maior plano de barragens  [dez] a nível europeu [EDP].


Eu conheço um país que...

. inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemoveis [PT].

. é lider mundial em software de de identificação [N Drive],

. tem uma empresa que corrige e detecta as falhas de sistema informático da NASA [Critical]

.tem a melhor incubadora de empresas de mundo [Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra]


Eu conheço um país que...

. calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano.

. fabrica lençois inovadores, com diferentes odores e propriedades anti-germes, onde dormem, por exemplo 30 milhões de americanos,


Eu conheço um país que...

. é o  state of art nos moldes de plástico

. é lider mundial de tecnologia de transformadores de energia [Efacec]

. revolucionou o conceito de papel higiénico [Renova]


Eu conheço um país que...

. tem um dos melhores sistemas multibanco a nível mundial

. desenvolveu um sistema inovador de pagamento nas portagens das auto-estradas [Via Verde].


Eu conheço um país que...

. revolucionou o sector de distribuição

. ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países [Sonae Sierra]

. lidera destacadíssimo o sector de hard discount na Polónia [Jerónimo Martins].


Eu conheço um país que...

. fabrica fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim

. vestiu dez das selecções olímpicas que estiveram nesses Jogos

. é o maior produtor mundial de caiaques para desporto

. tem uma das melhores selecções de futebol do mundo.

. o melhor treinador do planeta [José Mourinho]

e um dos melhores jogadores [Cristiano Ronaldo]


Eu conheço um país que...

. tem um Prémio Nobel da Literatura [José Saramago]

.tem uma das mais notáveis intérpretes de Mozart [Maria João Pires]

. tem pintores e escultores reconhecidos internacionalmente [Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro]

. tem dois prémios Pritzker de arquitectura [Sisa Vieira e Souto Moura]


Este país é Portugal

Tem o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia.





Bem-vindo a este país chamado PORTUGAL

Texto: Nicolau Santos 
Imagens da Internet

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dr. Belarmino [3]

O Luis Eduardo [Zito], até à idade de um ano, foi sempre muito fraquinho e doentinho. Tinha muitas maleitas, pôs-se um chicharro, era alimentado com leite de cabra.
Uma mulherzinha foi vê-lo e comentou: «Eu também tive assim um filho, coitadinho.» «Que lhe aconteceu?», perguntou D. Lurdes. «Morreu», foi a resposta.

A criada Teresa, passava noites em claro a cantar com ele ao colo. A canção favorita era: «Agora é que eu me maneio nos braços do meu amor!» Mal se calava, ele desatava logo a berrar. Não deixava ninguém pregar olho. Tenho uma ideia do vai e vem da Teresa com ele ao colo na sala. O Zito custou muito a melhorar.
O Dr. Belarmino, entre outras medidas, comprou uma vaca leiteira, que ficou nas Olgas onde tinha pasto abundante. O leite da vaca contribuiu para ele arribar e pôr-se um pimpolho muito lindo. Muitas das vezes era o Dr. Belarmino quem trazia o leite das Olgas.
Recordo-me que a vaca teve ainda um bezerrinho, que aturou as minhas brincadeiras. Cheguei a montá-lo e a malhar dele para baixo, no lameiro das Olgas.

A certa altura, o Dr. Belarmino mudou-se com a família  para uma moradia situada a pequena distância da capela de S. Sebastião, no extremo sudeste da aldeia.


 Casa antiga, com grades três das janelas dos quatro quartos, três salas e uma cozinha  com piso em lajes de granito, com saídas para a cortinha  e  para o quinteiro.


Tinha  no interior uma mina de água, com uma porta em ferro, anexa á cozinha [onde no Verão o Dr. Belarmino punha água e a pinga do tinto a refrigerar - era uma autêntica geleira], por baixo uma adega e duas lojas.
Atrás um quinteiro, com um palheiro e loja para o cavalo ao fundo.
À frente uma enorme cortinha com três meroças e outra mina de água a meio na segunda meroça. Havia duas árvores de fruto de grande porte, uma cerejeira e uma nogueira; abrunheiros, ameixieiras, macieiras, marmeleiros, e videiras ao longo da parte interior dos muros de suporte das meroças, espaços mais que suficientes para eu o meu mano espairecermos com os amigos; armando esparrelas aos pássaros, subindo às árvores à procura de ninhos, ou ainda colhendo frutos, no tempo deles. As cerejas  e os pintassilgos doirados eram  preferidos.

Ir à missa aos domingos e visitar-nos era para o avô Luís um acto solene. Vestia a preceito o seu fato e capa preta com abas de cetim, chapéu e duas bengalas que os seus já noventa  anos não dispensavam, conforme a foto documenta. Eu, compenetrado e perfilado ao lado da minha tia e madrinha  [hoje com 99 aninhos], o meu mano recostado de bibe ao lado de um amigo.

O dono desta moradia, um emigrante de apelido Santos, residia no Brasil. Cedeu esta casa gratuitamente ao Dr. Belarmino. Era a única moradia em Vilarinho com sanita em loiça. Não havia água canalizada.

O Cano era um fontanário, com quatro torneiras, onde a população, aguardando vez, se abastecia de água, que as mulheres levavam à cabeça, com uma rodilha de protecção – a sogra –, em cântaros ou canecos para casa.
As bestas também transportavam em engarelas quatro cântaros de água.
O tanque das burras [onde estas bebiam], antecedia esse fontanário, ficando separado por um muro, com escadas de acesso nos extremos.

Conta-se que quando o Santos veio a Portugal com a esposa brasileira, esta, como não havia retrete, tinha que fazer as necessidades no quinteiro, onde o porco, à sua volta, não a largava. Aflita gritava alto pelo marido: «Santos…! Santos…! Reco papa a minha bunda…!». Então o Santos, para sua tranquilidade e comodidade da esposa, mandou fazer uma casa de banho com sanita ligada a uma fossa construída no quinteiro, – um luxo na altura.

O Dr. Belarmino mandou substituir os soalhos das salas de entrada e de jantar. As madeiras provieram dos pinheiros das Olgas [sua propriedade raínha], serradas pelo Pressas-serrador. O carpinteiro encarregado de fazer o trabalho foi o António Vieira mais conhecido pelo Fala-barato. O homem gostava mesmo de falar, era boa pessoa e simpático. O filho – Belarmino também de nome – foi meu colega na escola primária. Tinha também uma filha chamada Mabélia. Não primavam pela inteligência, para desgosto do pai..

Ao fundo da cortinha existe ainda um muro desproporcionadamente alto, mandado construir pelo primitivo dono, no princípio do século XX, para impedir a vista de cenas escandalosas, visíveis do exterior, protagonizadas pelas banidas – refugiadas oriundas da Europa Central. O muro ficou conhecido pelo  muro das banidas.

Um dos quartos foi adaptado para o consultório do Dr. Belarmino. Finalmente, o Dr. Belarmino tinha o seu consultório. Ficava contíguo ao quarto do casal. Garantindo assim assistência médica praticamente permanente. Durante a noite bastava baterem no vidro da janela do quarto [a porta de acesso à cortinha ficava sempre só no trinco] alertarem o médico e serem de seguida atendidos.

Os doentes iam ao médico quando já não suportavam o sofrimento, embrulhados na sua dor e na sua amargura.

Naquele tempo, era difícil o exercício da medicina. Faltava de tudo um pouco: medicamentos, anestésicos, desinfectantes, etc. A situação em Vilarinho, face ao seu afastamento na terra fria transmontana, era duma carência extrema.

O Dr. Belarmino enfrentava com meios improvisados as situações de emergência mais dramáticas. O fim, era deixar o doente o melhor possível. 

As constipações e gripes eram tratadas com «papadas de linhaça e pó de mostarda» em água quente. As papas eram despejadas em cima dum pedaço de lençol, com gaze por cima. A papada dava a volta ao peito e às costas, aconchegada por qualquer outra coisa.

Houve que extrair unhas encravadas e infectadas com deficiente anestesia. Lancetar, com o bisturi, abcessos deixando uma mecha de drenagem. Queimar carbúnculos com  chave de fendas aquecida ao rubro na máquina a petróleo. [Só mais tarde é que pôde ser utilizado o termocautério]. Tratar fracturas a olho clínico, com talas e ligaduras. Mirandela, a cerca de 30 km, era a localidade mais próxima onde era possível tirar radiografias.

Era o tempo em que se pincelavam as amígdalas com iodo e da pomada de colargol, manipulada em Carrazeda pelo farmacêutico Raínha.

Medicamentos injectáveis eram aplicados com seringas de vidro e agulhas reutilizáveis, esterelizadas em
àgua fervente e transportadas em caixas metálicas. A maioria eram aplicadas nas nádegas.

Nas zonas rurais existia uma maior proximidade entre o médico e o doente. Essas relações tinham aspectos positivos e negativos. Iam muitas vezes para além do aspecto clínico. O médico tinha que ser duro para as pessoas que abusavam da sua paciência.

São muitas as recordações de casos insólitos que ocorreram no consultório do Dr. Belarmino, recordo alguns:

Uma mulher do Pinhal do Douro andava metida com um homem casado. A mulher sabia, e, quando encontrou com a rival, dirigiu-se como que para a beijar e de papo feito mordeu-a num beiço. A outra não esteve com meias medidas, pagou-se na mesma moeda, mordendo-a também num beiço, ficando as duas a sangrar. Concluindo, morderam-se nos beiços.
A casada, com o marido, pôs-se a caminho e foi a Vilarinho tratar-se no consultório do Dr. Belarmino. Passados uns instantes apareceu a outra acompanhada de um familiar, cruzando-se as duas no consultório. Esta tragicomédia fez rir a bom rir o Dr. Belarmino.

Um homem, na taberna do Daniel Duque, apostou em como conseguia comer um trigo inteiro duma só vez. Resultado, forçou tanto os queixos, que desconjuntou o maxilar inferior. Aflito correu para casa do Dr.Belarmino. Este meteu-lhe dois dedos na boca e, em dois tempos, articulou o maxilar para alívio do alarve que lhe ficou muito agradecido. Viu-se livre daquela e, com certeza, ficou sem vontade de se meter noutra.

Uma mulherzinha levantou a filha por um braço e sem querer desconjuntou-lho. Correu também aflita ao médico. Este lá conseguiu repor as articulaçõezitas da criança no seu devido lugar. A mulherzinha aliviada agradeceu.

As feiras eram muito concorridas e as tabernas também. Havia muitas rixas. Era raro o dia de feira em que não apareciam, no consultório do Dr. Belarmino, metoitas rachadas, vulgo esmicholados – por apedrejamento ou à paulada.
Os golpes eram desinfectados, tratados e suturados com agrafos – ganchos que uniam os lábios das feridas.
A maioria dos pacientes, passada uma semana, já estava em condições de se tirarem os agrafos e prontos para outra, não obstante das recomendações do Dr. Belarmino

Lembro-me ainda da operação  a um potro, que saltou por cima de uma cancela de madeira, que dava acesso a um prédio situado nas traseiras da Capela de São Sebastião, rasgando o soventre. O potro foi transportado para o palheiro que ficava no  quinteiro. Aí o Dr. Belarmino fez de cirurgião/veterinário, com numerosa audiência um pouco à distância, operou-o e coseu-o, ficando o potro como novo.